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Jornal Rede Metrópole Litoral: 10/09/2024

Vídeo: Jornal Rede Metrópole Litoral.

50 ANOS DA TRAGÉDIA NO JOELMA:



 
   

 

 
 

    

     Concluída sua construção em 1971, o Edifício Joelma foi imediatamente alugado ao Banco Crefisul de Investimentos. No começo de 1974, a empresa ainda terminava a transferência de seus departamentos, quando no dia 1º de fevereiro, às 8h45 de uma chuvosa sexta-feira, um curto-circuito em um aparelho de ar condicionado no 12º andar deu início a um incêndio, que rapidamente se espalhou pelos demais pavimentos.

     Quinze minutos após o curto-circuito era impossível descer as escadas, localizadas no centro dos pavimentos, que foram bloqueadas pelo fogo e a fumaça. Na ausência de uma escada de incêndio, muitas pessoas ainda conseguiram se salvar ao contrariar as normas básicas e descer pelos elevadores, mas estes também logo deixaram de funcionar, quando as chamas provocaram a pane no sistema elétrico dos aparelhos e a morte de uma ascensorista no 20º andar.

     Sem ter como deixar o prédio, muitos tentaram abrigar-se nos banheiros e parapeitos das janelas. Outros sobreviventes concentraram-se no 25º andar que tinha saída para dois terraços. Em tentativas desesperadas de se salvar, pessoas encurraladas, se jogavam do alto do prédio; nos braços da mãe, que saltou para a morte do 15º andar, uma criança de um ano e meio foi salva em um dos episódios mais dramáticos do incidente. A multidão acompanhou o salto bem em frente ao prédio. O choro da criança, levada imediatamente ao Hospital das Clínicas, foi ouvido logo após o impacto da queda.

    

     Homens e mulheres, alguns em trajes menores, os rostos escurecidos pela fuligem, agitavam-se freneticamente nas janelas tentando chamar a atenção. Mas os helicópteros não conseguiam pousar no terraço escaldante e seus cabos de aço pendiam inutilmente.  

 

     Devido ao ar quente e rarefeito causado pelo calor do incêndio, os helicópteros não conseguiam subir ao topo do edifício para resgatar as pessoas que lá estavam; por isso um Helicóptero foi deslocado da base aérea de Guarujá para prestar esse socorro. Quatro tripulantes estavam na aeronave e um deles era o Sgt/ Enfermeiro Oséas Barreto. Enquanto um grupo de bombeiros tentava adentrar o prédio, outros procuravam salvar pessoas que se encontravam nas janelas pela parte externa com as Magirus. O helicóptero do SAR, da FAB, fazia o resgate dos sobreviventes que se encontravam no telhado e que eram auxiliados por homens do COE e pelos tripulantes.

     Outros treze helicópteros do Governo e de empresas particulares não puderam aproximar-se muito, mas atiraram cordas, sacos de leite e água e tubos de oxigênio aos que se achavam no teto. Depois participaram do transporte dos feridos para os hospitais. Os cadáveres se amontoavam na rua, protegidos por cobertores, jornais e capas de chuva. Vários minutos depois, um caminhão da polícia e algumas ambulâncias recolheram os primeiros cadáveres e os levaram ao Instituto Médico Legal. No 8º andar os bombeiros encontraram pelo menos onze cadáveres abraçados. O fogo tinha praticamente soldado os corpos.

     Em outra tentativa de salvamento pelo pessoal da FAB, os bombeiros não conseguiram descer no telhado, não somente pelo intenso calor, mas pelo forte cheiro de carne incinerada. Por volta de 10h30, o fogo já havia consumido praticamente todo o material inflamável do prédio.

     Segundo o vice-presidente do Crefisul, Garrett Bouton, 1 016 funcionários trabalhavam no edifício. Desse total, 861 ficavam nos andares superiores à garagem e cerca de 600 já haviam chegado quando o incêndio começou. A firma de limpeza Continental tinha 77 funcionários no prédio.

     Dos aproximadamente 756 ocupantes do edifício, 187 morreram e mais de 300 ficaram feridos. A grande maioria das vítimas era formada por funcionários do Banco Crefisul de Investimentos. A tragédia do Joelma, que ocorreu apenas dois anos após o incêndio do Edifício Andraus, reabriu a discussão popular com relação aos sistemas de prevenção e combate a incêndios nas metrópoles brasileiras, cujas deficiências foram evidenciadas nas duas grandes tragédias. Na ocasião, o Código de Obras do Município de São Paulo, em vigor era de 1934, um tempo em que a cidade tinha 700 000 habitantes, prédios de poucos andares e não havia a quantidade de aparelhos elétricos dos anos 1970.

     A investigação sobre as causas do acidente, concluída e encaminhada à justiça, em julho de 1974, apontava a Crefisul e a Termoclima, empresa responsável pela manutenção elétrica, como principais responsáveis pelo incêndio. Segundo uma reportagem do Estadão, três empresas receberam acusações a respeito do caso: o Banco Crefisul (inquilino do prédio); a Joelma S.A Importadora Comercial e Construtora (construiu o prédio); e a Termoclima Indústria e Comércio Ltda (que instalou os aparelhos). De acordo com investigações, Alvino Fernandes e Sebastião da Silva, eletricista e ajudante de eletricista, não tinham curso completo sobre eletricidade e nunca receberam orientação técnica do Departamento de Serviços Gerais, que era quem respondia por reparações elétricas.

     O socorro mobilizou 1 500 homens, entre bombeiros e tropas de segurança, equipes de cinco hospitais estaduais e outros privados, quatorze helicópteros, trinta e nove viaturas e todas as ambulâncias da rede hospitalar, odos os carros-pipa da Prefeitura e vários particulares, além de um grande número de voluntários que antecederam os pedidos das autoridades para doação de sangue.

     Apenas às 14h20, todos os sobreviventes haviam sido resgatados.

 

 

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