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Jornal Rede Metrópole Litoral: 01/12/2023

GUIANA POSSUI AS MAIORES RESERVAS DE PETRÓLEO PER CAPITA DO MUNDO



 
 

    

    

     O Brasil enviou 60 militares adicionais do Exército para reforçar a segurança em Pacaraima — cidade de Roraima próxima à tríplice fronteira entre Brasil,Venezuela e Guiana. Pacaraima é um ponto usual de entrada de venezuelanos que deixam seu país em busca de oportunidades ao Brasil. O Ministério da Defesa brasileiro afirmou que "vem acompanhado a situação" e que "as ações têm sido intensificadas na região da fronteira" com maior presença militar.

     Com as maiores reservas de petróleo per capita do mundo, a Guiana lançou em dezembro de 2022 a primeira rodada de licitações para explorar 11 campos de petrolíferos em águas rasas e outros três em águas profundas e ultraprofundas. Caracas, por sua vez, rejeitou as licitações, classificando-as como "ilegais" por envolverem "áreas marítimas pendentes de delimitação".

     A tensão aumentou com movimentações militares da Venezuela na fronteira, levando outros países à se manifestarem: os Estados Unidos ameaçaram impor novas sanções ao governo de Nicolás Maduro, e o Brasil, como país vizinho e parceiro, demonstra grande preocupação com uma escalada no conflito.

     Na semana passada, o assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência da República, Celso Amorim, viajou a Caracas para tratar do tema com o presidente venezuelano, Nicolás Maduro. A equipe de Amorim recebeu vídeos da campanha que preocuparam o Palácio do Planalto por causa do tom muito incisivo pela anexação da Guiana Essequibo. Lula também conversou, por videoconferência, com o presidente da Guiana, Irfaan Ali de última hora para tratar da crise. Ali pediu ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que o governo brasileiro dissuadisse Maduro de sua intenção de avançar sobre o território do país.

     Com a situação, a Guiana levantou na semana passada a possibilidade de estabelecer “bases militares” com apoio estrangeiro em Essequibo e anunciou a visita de funcionários do Departamento de Defesa dos Estados Unidos. O Brasil, por sua vez, tem reforçado a defesa pela solução pacífica e negociada. Nesta sexta-feira, Lula irá se encontrar com o presidente da Guiana, às margens da COP28, em Dubai. No mesmo dia, o Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), sediado em Haia, deve se manifestar sobre o referendo.

     O governo de Maduro já defendeu publicamente a invasão do território em disputa há mais de 100 anos, quando a Guiana ainda era colônia britânica. Sobre a realização da consulta, no entanto, o ministério diz considerar um assunto interno da Venezuela. Ambos os países têm uma longa história de disputa territorial por Essequibo. A raiz do problema, contudo, remonta ao século XIX, quando as fronteiras das colônias eram frequentemente estabelecidas por meio de acordos entre potências europeias.

     De um lado, a Guiana se atém a um laudo arbitral de Paris de 1899, no qual foram estabelecidas as fronteiras atuais. Do outro, a Venezuela se apoia em sua interpretação do Acordo de Genebra, firmado em 1966 com o Reino Unido, antes da independência guianesa, em que Londres e Caracas concordam em estabelecer uma comissão mista "com a tarefa de buscar uma solução satisfatória" para a questão, uma vez que o governo venezuelano considerou o laudo arbitral de 1899 "nulo e vazio".

     A controvérsia está atualmente nas mãos da Corte Internacional de Justiça (CIJ), cuja jurisdição sobre o caso, é rejeitada pelo Estado venezuelano. O governo Maduro pressiona por negociações diretas com Georgetown, que rejeita a iniciativa. A CIJ, no entanto, foi escolhida para a solução da disputa em 2017 pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, que se valeu da prerrogativa estabelecida pelo próprio Acordo de Genebra no caso de as partes não chegarem a um entendimento.
 

 

 

Fonte: O Globo

 

 

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