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Lideranças políticas e religiosas rebateram
a declaração de Lula de que a reação do governo israelense é tão
grave quanto as ações do grupo terrorista Hamas. A fala foi classificada
por autoridades como equivocada e "fruto de
desconhecimento" sobre a "selvageria"
do Hamas. "Se não for desconhecimento, é um
antissemitismo forte e arraigado", declarou o rabino Rav Sany.
"Israel tem o Exército mais ético do mundo,
avisando a população civil com antecedência reiteradas vezes, por
diversos meios, para sair do local — fato que é proibido pelo Hamas. Se
alguém sai, leva tiro do próprio Hamas, que também assassina seu próprio
povo", afirmou.
"Nessa guerra, depois do ato provocado, e eu
digo ato de terrorismo do Hamas, as consequências da solução do estado
de Israel são tão graves quanto foram as do Hamas. Porque eles estão
matando inocentes sem nenhum critério. Jogar bomba onde tem criança,
onde tem hospital, a pretexto de que um terrorista está lá, não tem
explicação. Primeiro vamos salvar as crianças, as mulheres, aí depois
faz a briga com quem quiser fazer", disse Lula.
Representantes da comunidade israelita no Brasil
reagiram à declaração de Lula. O líder do Grupo Parlamentar de
Amizade Brasil-Israel, deputado Gilberto Abramo (Republicanos-MG),
definiu o comentário como "equivocado",
pois ele conhece a situação de conflito na Faixa de Gaza,
"mas não admite a realidade dos fatos".
O presidente da Confederação Israelita do Brasil (Conib),
Claudio Lottenberg, classificou como "equivocadas e perigosas" as
falas de Lula."Além de equivocadas e injustas,
falas como essa do presidente da República são também perigosas.
Estimulam entre seus muitos seguidores uma visão distorcida e
radicalizada do conflito".
Já o presidente executivo do grupo StandWithUs
Brasil disse que as falas de Lula são graves.
“O presidente brasileiro equiparou Israel, um
Estado democrático com um grupo terrorista com intentos abertamente
genocidas que massacrou cerca de 1.200 pessoas – dentre elas, três
brasileiros – e sequestrou 240 pessoas”, disse a entidade.
“Israel não mata ‘inocentes sem nenhum critério”,
acrescentou.
A senadora Damares Alves (Republicanos-DF)
disse que se trata de "mais uma fala desastrosa do
atual presidente da República". "É um movimento que coloca o Brasil como
um anão diplomático. Israel é um Estado legítimo — Hamas é um grupo
terrorista", defendeu. "Lamentamos ter um
presidente que parece ter um lado nessa história", finalizou.
"Ao contrário de criticar Israel, o presidente
Lula deveria agradecer ao país, cujos serviços de segurança alertaram a
Polícia Federal brasileira sobre a possibilidade de atentados do
Hezbollah em nosso país. Três suspeitos já foram presos. Gente inocente
morreria aqui também", diz o senador Carlos
Viana (Podemos-MG), presidente do Grupo Parlamentar Brasil-Israel.
"As declarações do presidente Lula equiparando as
ações de autodefesa de Israel aos atos terroristas do Hamas têm que ser
repudiadas. Cada vez mais nós assistimos a diplomacia presidencial se
afastando do que pensam as democracias ocidentais", afirmou o
senador Sergio Moro (União Brasil-PR).
"É infeliz fazer essa comparação. Não ajuda nos
esforços dipolomáticos. Hamas é um grupo extremista que prega a
aniquilação de Israel. O Brasil precisa assumir isso", afirma Morris
Kachani, diretor do Instituto Brasil-Israel. "É uma pena que o governo
do Brasil, frente à tragédia da guerra, perca o equilíbrio e a
ponderação, reduzindo a possibilidade de contribuir de maneira decisiva
e propositiva com negociações entre as várias partes no conflito",
diz o Instituto Brasil-Israel, em nota.
Em
outubro, Lula condenou o ataque terrorista do grupo Hamas a um festival
de música eletrônica em Israel, no dia 7, e também reprovou a reação
israelense ao episódio. "Fico lembrando que 1.500
crianças já morreram na Faixa de Gaza. Crianças que não pediram para o
Hamas fazer o ato de loucura e terrorismo que fez atacando Israel, mas
que também não pediram que Israel reagisse de forma insana e matasse
eles, exatamente aqueles que não têm nada a ver com a guerra, só querem
viver e brincar, aqueles que não tiveram o direito de ser crianças",
declarou Lula.
Fonte: R7
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