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Se o governo de Milei der certo e a Argentina
superar a crise econômica, isso poderá ter efeitos positivos na economia
brasileira, já que o Brasil é um grande exportador de produtos para o
país. Os especialistas apontam que até mesmo uma das propostas
consideradas mais radicais de Milei, a dolarização total da economia
argentina, poderia ter efeitos positivos para o Brasil, se implementada
com sucesso.
Os
analistas, no entanto, avaliam a gestão de Milei também poderia resultar
em perdas para o Brasil. A maior parte delas, eles ressaltam, seriam no
campo político.
Eles
temem que o desalinhamento ideológico entre Milei, que é de direita, e
Lula, de esquerda, possa atrapalhar planos do governo brasileiro. Um dos
planos brasileiros que Milei pode atrapalhar seria o ingresso da
Argentina nos Brics, grupo inicialmente formado por Brasil, Rússia,
Índia, China e África do Sul. Em agosto deste ano, o grupo anunciou o
ingresso de seis novos membros, entre eles a Argentina, em um movimento
que teve o Brasil como principal articulador.
Em
declarações à imprensa, Milei e a candidata que ficou em terceiro lugar
no primeiro turno, Patrícia Bullrich, disseram que retirariam a
Argentina dos Brics caso fossem eleitos. Ela declarou apoio a Milei no
segundo turno das eleições.
Outra possível perda do Brasil seria uma demora ou até mesmo a
inviabilidade do acordo comercial entre Mercosul e União Europeia,
negociado desde 1999. Em 2019, o acordo foi fechado entre os dois
blocos, mas ainda precisava passar por um processo de revisão jurídica.
Para o professor de Política da América Latina na Universidade de Buenos
Aires Ariel Goldstein, a incorporação da Argentina aos Brics é uma parte
central da estratégia do presidente brasileiro para a sua liderança na
América do Sul e na América Latina, e, por isso, "Lula também está tão
preocupado".
Como
o acordo vem sendo negociado pelos quatro países do Mercosul em
conjunto, se Milei retirar a Argentina do bloco, como prometeu, isso
poderia ter impactos no seu andamento. "O acordo está com muitas
dificuldades... mas o fato é que uma fragilização do Mercosul colocaria
em xeque esse acordo. Poderia atrasar ou mesmo eliminar qualquer
possibilidade nesse sentido", disse Silvio Campos Neto.
"Minha principal preocupação é que esse desalinhamento ideológico
prejudique o relacionamento comercial e que, inclusive, possa vir a
prejudicar a convalidação do acordo entre Mercosul e União Europeia e
isso pode vir a acontecer", disse Federico Servideo.
Fonte: BBC
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