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Jornal Rede Metrópole Litoral: 01/05/2024

30 ANOS DA MORTE DE AYRTON SENNA:



 
 

    


 

     O médico italiano Alessandro Misley, integrante da equipe de socorristas do Autódromo Enzo e Dino Ferrari nos anos 90, recordou os momentos do acidente que resultou na morte do piloto brasileiro Ayrton Senna há 30 anos, em 1º de maio de 1994. O médico anestesista, originário da cidade de Modena, relata que ficou evidente de imediato que as condições do brasileiro eram extremamente críticas e que, logo na pista, havia o temor pelo pior desfecho.

     “Infelizmente, a situação rapidamente se tornou dramática, pois Ayrton sofreu lesões na cabeça, na cervical e na base do crânio. Ele ficou inconsciente instantaneamente. Os sinais vitais estavam comprometidos. Tudo indicava um desfecho sombrio. Havia sangue saindo pela boca e pelo nariz, e, infelizmente, também havia matéria cerebral. Mesmo assim, tentamos várias vezes aspirar, ventilar e oxigenar”, conta.

     As imagens logo após o acidente mostraram Senna movendo levemente a cabeça. Contudo, Dr. Misley afirma que foi um movimento involuntário e que, desde o momento do impacto, Senna não recuperou a consciência. O italiano, juntamente com o médico da Fórmula 1 Sid Watkins, acompanhou Senna de helicóptero até o Hospital Maggiore, em Bolonha. É amplamente difundida a teoria de que o principal fator agravante do acidente de Ayrton Senna foi o impacto da barra de suspensão, que, ao se soltar logo após a colisão, atingiu a viseira do capacete do piloto e, em seguida, sua testa. No entanto, Misley é categórico ao afirmar que esse não foi o motivo da morte do automobilista.

     “Absolutamente não. Isso é falso. De fato, um pedaço da suspensão penetrou no capacete e causou uma lesão na região frontal de poucos centímetros, o que, é claro, não é inofensivo. Mas, com certeza, não foi isso que provocou a morte de Senna. A morte de Senna foi causada pela fratura na base do crânio, devido ao forte impacto causado pela desaceleração. A lesão da barra de suspensão é secundária e não fatal. [Se fosse apenas isso], Senna estaria vivo.”

     A fratura da base craniana é uma lesão grave na qual a parte inferior do crânio, onde o cérebro se apoia, se fratura devido a um impacto forte ou a um movimento brusco. Após uma desaceleração abrupta de um corpo em alta velocidade, o cérebro, que flutua dentro do crânio, continua em movimento mesmo após o fim do impacto e a parada do corpo após o acidente. Isso pode resultar em um efeito de “chicote”, no qual o cérebro se movimenta dentro do crânio e pode colidir com as paredes internas, incluindo a base craniana.

     O carro de Senna estava a pouco mais de 300 km/h no momento do impacto. A brusca desaceleração, causada pelo impacto contra o muro de proteção, durou um pouco mais de 1 segundo. Àquela época, a cabeça do piloto ficava totalmente exposta, protegida apenas pelo capacete.

     Segundo o Dr. Misley, a ausência de dispositivos de segurança atualmente presentes foi determinante para o desfecho do acidente, como o sistema HANS (Head and Neck Support), estrutura que protege a cabeça e o pescoço dos pilotos, desenvolvido na metade dos anos 90 e agora de uso obrigatório. “Não estou dizendo que [com o HANS] não teria ocorrido nada com Senna, mas certamente o impacto e os danos teriam sido menores”, conta.

     Na véspera da morte de Senna, um acidente durante o treino para a qualificação tirou a vida do piloto da Simtek, o austríaco Roland Ratzenberger. Um dia antes, o brasileiro Rubens Barrichello, da Jordan, também se envolveu em um grave acidente na pista. “Foi um fim de semana muito atípico, que culminou na morte de Senna. Eu fazia parte de uma das duas equipes médicas posicionadas em pontos opostos da pista. Também tínhamos dois enfermeiros, o motorista e um ortopedista. Eu atendi ao acidente de Barrichello; o de Ratzenberger, não”, disse.

 

Fonte: diariodocentrodomundo.com.br
 

 

 

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