|  |       
               Após a 
        Prefeitura de Guarujá tornar público o relatório elaborado pelo Grupo 
        Técnico de Trabalho da Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana, criado 
        em 9 de janeiro, com o objetivo de analisar o cumprimento do contrato e 
        os repasses financeiros efetuados para a empresa City Transporte Urbano 
        Intermodal Ltda, e após encontrar diversas inconsistências nas respostas 
        sobre custos operacionais, passageiros transportados, folha de 
        pagamento, média salarial, número de trabalhadores entre outras, a 
        prefeitura decidiu intervir na empresa, fato ocorrido no dia 28/03.      Vale 
        ressaltar que, desde 2019, a Prefeitura de Guarujá repassou à empresa R$ 
        385.461.024,87, sendo que cerca de R$ 84 milhões foram repassados 
        somente no exercício de 2024. A empresa ainda alega ter a receber, 
        referentes a 2024, cerca de R$ 47 milhões de reais, mesmo sem ter 
        explicado a origem da suposta dívida. “Minha 
        missão é devolver nossa cidade para o povo do Guarujá. Essa intervenção 
        é também um recado claro a todos que estavam acostumados com os métodos 
        que ao longo dos anos trouxeram nossa cidade para a atual crise ética, 
        moral e financeira em que Guarujá se encontra. Vamos resgatar o orgulho 
        de nossa cidade”, afirmou o prefeito.      Até o 
        mês de janeiro de 2025, a concessionária considerou para fins de 
        cálculos o quantitativo de passageiros transportados do ano de 2017, sem 
        as devidas atualizações. Assim dada a ausência de informações fidedignas 
        para quantificar de maneira justa e adequada os valores a serem 
        repassados pela municipalidade, foram pagas notas fiscais parciais para 
        garantir o pagamento das verbas trabalhistas.     
        A City apresenta diversas informações 
        inconsistentes ou incorretas, o que acabaram eclodindo na intervenção; 
        entre elas: a divergência de 221 empregados a mais gerando um custo 
        operacional excessivo, o que indica possível desperdício de recursos 
        humanos; a concessionária alega que a folha de pagamento gira em torno 
        de R$ 5.500.000,00 e R$ 6.000.000,00. Enquanto a média do setor é de R$ 
        2.700.000,00; foram informados valores divergentes de adiantamento 
        salarial, variando entre R$ 880.000,00 e R$ 1.600.000,00, comprometendo 
        a transparência financeira; foi constatado abastecimento de cerca de 200 
        veículos, acima da frota contratual de 148 veículos, indicando possível 
        desvio de combustível; os custos mensais alegados de até R$ 
        16.169.064,00 superam em mais de 100% a média do mercado, demonstrando 
        descontrole financeiro; os custos com serviços de portaria chegam a R$ 
        359.000,00, valor superior ao aluguel da garagem, sugerindo 
        superfaturamento; a concessionária não fornece relatórios detalhados da 
        bilhetagem eletrônica, comprometendo a verificação da arrecadação; a 
        fiscalização constatou violação dos lacres das catracas, indicando risco 
        de fraudes na bilhetagem; durante as fiscalizações, a equipe da SEMOB 
        constatou que vários ônibus da empresa circulavam com os aparelhos de 
        GPS sem comunicação, impossibilitando tanto o georreferenciamento dos 
        trajetos das linhas operadas quanto a quilometragem efetivamente rodada 
        pelos ônibus; a retirada de adesivos oficiais e a alteração da 
        identidade visual da frota comprometem a fiscalização e podem indicar 
        uso indevido da frota e outras.      O 
        Edital do processo licitatório, previa investimentos pela concessionária 
        no valor de R$ 233.787.837,06, conforme estabelecido no item 3.1.1 do 
        Contrato, os quais, revistos no Edital de Concorrência, não foram 
        efetivados. Até o momento, nenhum valor foi revertido ao Fundo Municipal 
        pela concessionária. Foram solicitadas informações sobre as receitas 
        acessórias e contratos de publicidade, mas a concessionária apresentou 
        apenas planilhas auto-declaradas. Há indícios de gestão inadequada, com 
        um dirigente da concessionária figurando como sócio de uma empresa 
        locadora. Contudo, a Prefeitura de Guarujá publicou o Decreto n.º 
        16.811, que revoga os atos anteriores de intervenção e devolve a gestão 
        do serviço de transporte coletivo urbano à empresa City, com apenas 
        alguns dias de ocorrência, enquanto era previsto um prazo inicial de 90 
        dias de intervenção.      A 
        decisão, assinada pelo prefeito Farid Said Madi, considera que os 
        objetivos da intervenção foram alcançados, com acesso às instalações e 
        documentação da empresa — à exceção dos dados sob sigilo judicial, 
        vinculados ao processo n.º 1004547-08.2025.8.26.0223, que segue em 
        trâmite na Vara da Fazenda Pública.      A 
        medida põe fim aos Decretos Municipais n.ºs 16.733, 16.734 e 16.735, que 
        estabeleceram a intervenção entre os dias 28 de março e 1º de abril de 
        2025, após denúncias de irregularidades na concessão. Segundo o novo 
        decreto, um processo administrativo segue em andamento (n.º 20514/2025) 
        para apurar responsabilidades com garantia ao contraditório e à ampla 
        defesa.      Com a 
        revogação, a concessionária reassume imediatamente a operação do sistema 
        e deve cumprir todas as determinações e adequações solicitadas pela 
        Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana, conforme o Contrato 
        Administrativo n.º 278/2018. O decreto entrou em vigor na data de sua 
        publicação.
 
 
   LEIA TAMBÉM 
       
           |  |