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        Uma força-tarefa da Polícia Federal está 
        investigando fraudes em cerca de R$ 90 bilhões em empréstimos 
        consignados concedidos a aposentados. As suspeitas envolvem contratos 
        indevidos, descontos ilegais e indícios de corrupção ativa por parte de 
        empresas intermediadoras.      O 
        senador Eduardo Girão (Novo-CE) disse à uma reportagem na CNN, na 
        terça-feira (6), que o governo está “enfraquecido” 
        e que, por isso, não vai conseguir blindar a Comissão Parlamentar Mista 
        de Inquérito (CPMI) proposta para apurar as fraudes no Instituto 
        Nacional de Seguridade Social (INSS). “A verdade 
        tem que vir independente de governo, embora a gente saiba que o grande 
        rombo desse esquema, dessa fraude, do roubo dos aposentados aconteceu 
        agora no governo Lula. De 2023 para cá que o grande volume aconteceu”, 
        afirmou.      Segundo 
        ele, tão logo o presidente do Congresso Nacional, senador Davi 
        Alcolumbre (União-AP) retorne de missão oficial da Rússia e da China, 
        serão iniciadas as tratativas para a implantação da CPMI.
        “Vai ganhar força, pode ter certeza”, 
        completou.      Para o 
        senador é preciso investigar as fraudes, que de acordo com ele, podem 
        ser algo “muito maior”. “Antes se pensavam que 
        eram apenas descontos na ordem de R$ 6 bilhões, agora são R$ 90 bilhões 
        com os consignados. Cada vez que você puxa, vem alguma coisa.”     
        O senador também criticou o fato de algumas 
        instituições que faziam o desconto em aposentadorias e pensões serem 
        ligadas a políticos. Girão explicou que no governo passado, em 2019, 
        houve a tentativa de endurecer as regras para essas associações e 
        sindicatos. Na época, conforme o senador, 15 parlamentares de esquerda 
        no Senado votaram contra a proposta. “O Brasil tem que ser passado a 
        limpo […] Quem não deve, não teme”, declarou.   
        ANTERIORMENTE: 
     
        
        O Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi) - 
        que tem como vice-presidente o irmão do presidente Luiz Inácio Lula da 
        Silva (PT), José Ferreira da Silva, conhecido como Frei Chico - celebra 
        em sua página oficial a “conquista de dez mil novos associados por mês”. 
        Mas agora a Polícia Federal quer entender em que circunstâncias vinham 
        se dando essas novas filiações.      O 
        sindicato é um dos 11 investigados pela PF e pela Controladoria-Geral da 
        União (CGU), que deflagram nesta semana a operação Sem Desconto, que 
        investiga uma possível fraude de R$ 6,5 bilhões em descontos indevidos 
        direto na folha de pagamento de aposentados do INSS.      O 
        Sindnapi projetava atingir a marca de um milhão de sócios nos próximos 
        quatro anos e com isso se tornar a maior entidade sindical da América 
        Latina e uma das maiores do mundo. Tudo isso consta em um texto de 
        apresentação na página oficial da entidade, na internet.      Mas a 
        suspeita é de que muitos desses aposentados foram associados sem 
        consentimento. Eles não sabiam que passaram a fazer parte da entidade e 
        acabavam cobrados diretamente em seus benefícios da Previdência Social e 
        não conseguiam identificar a irregularidade. Há indícios de que um 
        esquema montado dentro do próprio INSS possibilitava esse tipo de 
        prática.      
        Aoperação Sem Desconto, deflagrada na manhã de (23/04) pela 
        Controladoria-Geral da União e pela Polícia Federal, foi detalhada pelo 
        ministro da CGU, Vinícius de Carvalho, em coletiva que também contou com 
        a participação dos ministros da Justiça, Ricardo Lewandowski, da 
        Previdência, Carlos Lupi, e do Diretor Geral da Polícia Federal, Andrei 
        Rodrigues.     
        Vinicius de Carvalho informou que 
        entidades de classe, como associações e sindicatos, formalizavam Acordos 
        de Cooperação Técnica (ACTs) com o Instituto Nacional do Seguro Social 
        (INSS) e esses acordos permitiam que as entidades realizassem descontos 
        de mensalidades associativas diretamente na folha de pagamento de 
        aposentados e pensionistas do INSS, sem a autorização dos beneficiários. 
        Segundo relatório da CGU, 97% dos beneficiários entrevistados não 
        autorizaram o desconto. Além disso, a CGU identificou que 70% das 29 
        entidades analisadas não entregaram a documentação completa ao INSS para 
        a assinatura dos ACTs.      Em 
        2022, o número de entidades que passaram a operar com descontos 
        associativos se ampliou, bem como o quantitativo de valores repassados 
        às associações por força dos descontos.      As 
        mensalidades estipuladas pelas entidades associativas chegaram ao valor 
        de R$ 81,57. Seis milhões de aposentados e pensionistas foram lesados. O 
        impacto financeiro com descontos associativos é da ordem de R$ 6,3 
        bilhões. "Essa é uma operação de combate à corrupção, a uma fraude, mas 
        é, sobretudo, uma operação de defesa dos aposentados e pensionistas 
        deste país. Temos 6 milhões de pessoas que são descontadas mensalmente 
        em algum valor do seu salário de aposentadoria por conta de descontos 
        associativos", destacou o ministro Vinícius de Carvalho.      A CGU 
        recomendou ao INSS a adoção de uma série de medidas urgentes, entre elas 
        o bloqueio cautelar imediato de novos descontos de mensalidades 
        associativas. Sugeriu ainda o aprimoramento dos procedimentos 
        relacionados à formalização, execução, suspensão e cancelamento dos 
        Acordos de Cooperação Técnica.      José 
        Ferreira da Silva, irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), é 
        um dos responsáveis por gerir hoje o Sindicato Nacional dos Aposentados, 
        Pensionistas e Idosos (Sindnapi), onde tem a função de diretor 
        vice-presidente.      A 
        associação foi alvo de busca e apreensão pela Polícia Federal (PF) nesta 
        semana. Frei Chico 
        chegou a ser denunciado anteriormente, também, no âmbito da Operação Lava Jato, que investigou 
        uma esquema de lavagem de dinheiro e pagamento de propina envolvendo os 
        setores público e privado.   ENVOLVIMENTO 
        EM CORRUPÇÕES ANTERIORES: 
 Uma denúncia, apresentada pelo Ministério Público 
        Federal (MPF) em 2019, alegava que o irmão do presidente da República 
        recebeu pagamentos da construtora Odebrecht (atual Novonor) entre 2003 e 
        2015.
      O 
        sindicalista teria sido procurado pela construtora por sua boa 
        interlocução com o setor, e os pagamentos, divididos em parcelas, teriam 
        somado R$ 1,1 milhão. Inicialmente, segundo o Ministério Público Federal 
        (MPF), os serviços foram prestados de forma oficial, mas Frei Chico 
        teria continuado a receber os valores mesmo sem vínculo de trabalho com 
        a empreiteira.      Com 
        relação ao INSS, os sindicatos que são alvo da Operação Sem Desconto, se 
        beneficiaram da revogação de uma medida provisória sancionada em 2019, 
        pelo então presidente Jair Bolsonaro que serviria para coibir fraudes em 
        descontos nas aposentadorias do Instituto Nacional do Seguro Social 
        (INSS). Em 2022, o congresso aprovou a extinção da regra, depois da 
        articulação de entidades e de parlamentares do PT.      Na 
        lista dos funcionários públicos afastados de suas funções — por meio de 
        medida judicial — está o próprio presidente do INSS, Alessandro 
        Stefanutto, que horas depois acabou demitido do cargo. Outros nomes 
        estão na lista de investigados: Virgílio Antônio de Oliveira Filho, 
        afastado do cargo de procurador-geral do INSS, Giovani Batista 
        Fassarella Spiecker, afastado do cargo de coordenador-geral do SAC do 
        INSS, Vanderlei Barbosa dos Santos, afastado do cargo de diretor de 
        Benefícios e Relacionamento com o Cidadão, Jacimar Fonseca da Silva, 
        afastado do cargo de coordenador-geral de Pagamentos e Benefícios do 
        INSS, entre outros.     LEIA TAMBÉM 
       
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